“Que ninguém seja chamado de católico se não concorda com a Igreja Romana”
(Papa São Gregório VII)
É preciso deixar claro que tal igreja nada tem a ver com a Igreja Católica Apostólica Romana nem com o movimento eclesial Renovação Carismática Católica (R.C.C.). Portanto, o que é essa igreja? Dizem possuir as quatro notas: una, santa, católica e apostólica e estar aberta ao mover do Espírito Santo. Ainda diz ser litúrgica, sacramental e evangélica.
Poder-se-ia elaborar um extenso tratado contra cada uma das inverdades proclamadas por esta instituição. Contudo, a falta de tempo e espaço para tal empreendimento obriga algo mais breve, sem deixar de ser sólido. O que significa ser uma Igreja Santa? E uma Igreja Apostólica? Uma breve reflexão é suficiente para elucidar algumas contradições desse segmento religioso.
A referida igreja, em seu próprio site, faz nota de sua fundação. Assim ela se expressa: “A Igreja Católica Apostólica Carismática, desde a sua fundação em 1992, é possuidora uma sucessão episcopal válida” . A doutrina sempre proclamou a Igreja como santa referente ao seu fundador: Jesus Cristo, o Santo dos santos. A Igreja de Jesus Cristo não nasceria dezenove séculos depois de sua vinda. Existe “uma só fé” (Ef 4,3), portanto, essa fé não poderia estar oculta durante tantos séculos, visto que o próprio Jesus prometeu a assistência do Espírito Santo para a Sua Igreja.
Mais curiosa é a narração dramática para a “conquista” da sucessão apostólica:
“Por coincidência, mas não por acaso, um dos nossos bispos “tropeçou” num artigo que falava de um ramo da Igreja católica que possuía ao mesmo tempo uma sucessão verificável e forte. A seu tempo descobriu-se que a sucessão desta Igreja era reconhecida tanto pelos ramos da Igreja do Ocidente como do Oriente: tratava-se da Igreja Católica Apostólica do Brasil. Esta Igreja fora fundada em 1945 pelo Bispo (católico romano) Carlos Duarte Costa, antigo Bispo Titular de Maura e que cortou a sua comunhão com Roma na sequência de um diferindo entre o povo brasileiro e o núncio apostólico da época. A ICAB (Igreja Católica Apostólica Brasileira) expandiu-se para outros países, entre eles o México, sendo agora conhecida como Igreja Católica Apostólica Nacional" .
A meu ver, o mais engraçado é o fato de eles reconhecerem que a sucessão apostólica só seria possível através da Igreja Católica Apostólica Romana. A sucessão apostólica é historicamente comprovada e não é necessário ter fé para se constatar este fato, mas apenas pesquisar ao longo da história a sucessão ininterrupta petrina.
Infelizmente, o Espírito Santo em alguns discursos religiosos tornou-se, semanticamente, sinônimo do próprio umbigo. O Bispo mencionado, Carlos Duarte Costa, por sinal excomungado por Pio XII, viveu seu ministério de forma frustrada, pregando contra a infabilidade papal, a favor do divórcio e dos sacerdotes se casarem. Ou seja, tudo que o Espírito Santo inspirou para Sua Igreja ao longo de sua gloriosa caminhada sobre a terra, Dom Carlos foi de encontro afirmando ser inspirado pelo Espírito Santo. Ora, a bipolaridade não cai bem para Deus!
Há de se perguntar: e os sacramentos? São válidos? São padres legítimos? Eles afirmam que sim recorrendo a Dom Carlos Duarte Costa. No entanto, o que a Igreja Católica diz? Em seu Direito Canônico, no qual contém suas leis, encontra-se o seguinte cânone: “O Bispo que, sem o mandato pontifício, confere a alguém a consagração episcopal e, igualmente, quem dele recebe a consagração incorrem em excomunhão latae sententiae reservada à Sé Apostólica” (Cân. 1382). Ou seja, nenhuma ordenação do excomungado epíscopo é válida. Deve-se salientar que há uma exceção: Dom Salomão Ferraz. Este foi reconhecido válido pela Igreja Católica e reconciliado com a mesma sob o pontificado do beato João XXIII e faleceu no seio da Igreja de Roma.
Sobre a validade dos ritos ainda cabe dizer que o ministro deve ter, ao administrar o sacramento, a intenção de fazer o que Cristo queria que fosse feito, ou a intenção de se identificar com as intenções de Cristo, Sumo Sacerdote. Portanto, embora os ministros da igreja brasileira apliquem exatamente a matéria e a forma de cada sacramento, falta-lhes algo de essencial para que seus sacramentos sejam válidos, isto é, a intenção de fazer o que Cristo quis fosse feito.
Na verdade, os ministros da “nova paróquia”, mediante os seus ritos, intencionam criar e desenvolver uma “igreja” separada da única Igreja fundada por Cristo. Infelizmente nota-se certo oportunismo, ou seja, a procura de atender a interesses pessoais: ordenação “sacerdotal” ou “episcopal”, lucros financeiros mediante celebração do culto, “casamento” facilitado em favor de pessoas já casadas, “batizados” sem preparação dos pais e padrinhos, e assim por diante.
Por fim, o que resta dizer é que tais fatos atrás apontados evidenciam a urgência de sólida catequese para o povo de Deus no Brasil. Que os brasileiros católicos deixem de ser católicos por herança, mas por terem, verdadeiramente, encontrado com uma Pessoa, Cristo Jesus, único Deus e Senhor dos senhores. Que a Virgem Maria interceda por nós.
PARA MEDITAR:
"Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos ferozes. Pelos seus frutos os conhecereis" (Mt 7, 15).
"O Espírito diz expressamente que nos últimos tempos alguns homens renegarão sua fé, dando atenção a espíritos sedutores e doutrinas demoníacas" (1 Tim. 4,1).
"Ninguém, de modo nenhum, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus.." (2 Ts 2,3-4)
Deus nos abençoe!
Com meu Anjo da Guarda,
David Eduardo Luzetti Filho.
Filho da Igreja Católica Apostólica Romana e Coordenador do Ministério de Formação da R.C.C (Renovação Carismática Católica) da cidade de Mogi-Guaçu/SP.
davidluzetti@gmail.com
